Fruto da passagem dos exércitos napoleónicos pelo nasceram, no Porto por esta altura, uma série de crianças muito loiras que atraíram sobre si e sobre as suas mães a fúria da população.
António de Jesus Lourenço, foi o homem responsável por rapidamente as retirar para fora das muralhas e arranjou-lhes esconderijo. A este esconderijo chamou-lhe Casa Refúgio e colocou desde logo esta sob invocação de Nossa Senhora do Resgate e Livramento.
A Casa Refúgio em 1810 começou por acolher 7 mães e os seus filhos.
A Casa Refúgio em 1810 começou por acolher 7 mães e os seus filhos. Por esta altura a Casa já acolhia um total de 58 mulheres.
Anos depois e após nova ocupação estrangeira novas misérias surgiram, desta vez mais acentuadas pelo vaguear de muitas raparigas sem destino pela cidade Porto.
Marechal Saldanha, tomando conhecimento deste facto manda para o Porto como governador civil um homem da sua confiança – o Conde da Ponte – que arranjou uma outra casa que as acolhesse designando-a Asylo das Raparigas Abandonadas.
Tomando conhecimento da existência da Casa Refúgio de Nossa Senhora do Livramento, o Conde da Ponte decide juntar as duas obras e o nome que este escolheu para a segunda é o que infelizmente fica: Asylo das Raparigas Abandonadas. É em grande parte à custa de dinheiros do Brasil que a obra continua a crescer tendo sido o próprio Conde Ferreira um dos seus protetores.
Em 1903 as pessoas que dirigiam a obra e que tinham forte influência política, decidiram ser importante a construção de um edifício maior e mais definitivo.
A luta pelo terreno foi vencida a favor da obra graças à influência política de quem a dirigia e é então lançada a primeira pedra em 1908.
Veio a ser visitada pelo Rei D. Manuel II poucos meses depois havendo registo dessa visita no Livro de Honra do Lar. A construção desta nova casa representava um enorme investimento e grande esforço que agravou muito com a queda da monarquia em 1910 e implantação da república em Portugal.
À instauração da República segue-se a guerra e estas instalações onde nos encontramos, que estavam inacabadas, são requisitadas para fins militares e hospitalares.
Passada esta época conturbada foi pelo forte interesse na obra e grande esforço de muita gente na cidade do Porto que em 1921 puderam ocupar a sua nova casa 60 raparigas – a mesma casa em que hoje nos encontramos. Número que chegou a aumentar até ser 135 raparigas.
Com a entrada do Eng. Almeida e Sousa na década de 70 seguiram-se grandes mudanças que começaram logo pela mudança do nome marcante que o Conde da Ponte havia escolhido indo-se buscar o nome inicial, aquele que é ainda hoje o nome atual: Lar de Nossa Senhora do Livramento
Às mudanças seguem-se momentos de grande instabilidade. Foram tempos difíceis e entre muitas outras diligências sem sucesso, o Eng Almeida e Sousa procurou um dia a Irmã Margarida Maria Gonçalves, do Instituto do Sagrado Coração de Maria, que imediatamente se prestou a ajudar apresentando a Irmã Maria Rosa Canito que viria a ser diretora do Lar. Desde então e até Agosto de 2014 as Irmãs do Sagrado Coração de Maria em muito contribuíram para esta Obra, através da sua ação educativa, pedagógica e humana.
A Fundação foi reconhecida e os seus estatutos aprovados no dia 13 de novembro de 2000 tendo os seguintes fins:
"Dar apoio às crianças e raparigas socialmente mais desfavorecidas ou carenciadas na sua formação e integração social, bem como desenvolver, dentro das suas possibilidades, todas as valências sociais que estejam ao seu alcance, sempre em resposta às necessidades que forem reconhecidas mais prementes no tempo e no local."
Bi-centenário do Lar de Nossa Senhora do Livramento.
200 anos de história, de acolhimento daquelas mais vulneráveis, de reconstrução dos seus projetos de vida. Fazermos mais e melhor em prol das CRIANÇAS e JOVENS que acompanhamos.